Filosofia Clássica            

Filosofia Clássica              

Na história da filosofia, este período é compreendido como estando entre os pré-socráticos e pós-socráticos, embora o uso de tempo para esta denominação não seja totalmente adequado, uma vez que muitos filósofos pré-socráticos foram, na verdade, contemporâneos de Sócrates.A divisão trata mais do estilo de fazer filosofia e da relevância dos três autores que compõe o período clássico, SócratesPlatão e Aristóteles.

A escola de Atenas, Rafael Sanzio

     

 

SÓCRATES

É o pensamento de Sócrates, entretanto, que marca o nascimento da filosofia clássica, desenvolvida por Platão e Aristóteles, de certo modo seus herdeiros mais importantes. O julgamento e a morte de Sócrates marcaram profundamente seus contemporâneos, e muitos de seus discípulos e companheiros escreveram relatos e testemunhos desse episódio, 7 em que o filósofo confronta o Estado, em que suas ideias se insurgem contra as práticas políticas da época, em que a necessidade de independência do pensamento é explicitada e discutida pela primeira vez em nossa tradição. Em 399 a.C. Sócrates é acusado de graves crimes por alguns cidadãos atenienses. Estes pedem sua condenação à morte por desrespeito às tradições religiosas da cidade e por corrupção da juventude. A motivação da acusação é claramente política: contra as críticas feitas por Sócrates ao que ele considerava um desvirtuamento da democracia ateniense, e contra sua discussão e questionamento dos valores e atitudes da sociedade da época. Em seu julgamento, segundo as práticas da época, diante de um júri de 501 cidadãos, Sócrates apresenta um longo discurso, sua apologia ou defesa, em que, no entanto, longe de se defender objetivamente das acusações, ironiza seus acusadores, assume as acusações dizendo-se coerente com o que ensinava, e recusa declarar-se inocente ou pedir uma pena. Com isso, de acordo com a prática da época que obrigava o júri a optar pela acusação ou pela defesa, só resta como alternativa a condenação de Sócrates. Condenado à morte, é levado para uma prisão, onde deverá, também segundo a prática da época, beber uma taça de veneno, a cicuta. Seus companheiros propõem que Sócrates fuja para o exílio, mas ele se recusa em seu memorável último discurso, 8 preferindo morrer como cidadão ateniense e sempre coerente com suas ideias do que viver numa terra estranha: fugir equivaleria a renegar suas ideias e princípios.

Nossa interpretação do pensamento de Sócrates enfrenta por um lado uma dificuldade ainda maior que a que temos em relação aos pré-socráticos e aos sofistas, já que Sócrates efetivamente nada escreveu, valorizando sobretudo o debate e o ensinamento oral. Por outro lado, conhecemos extensamente suas ideias através de Platão, seu principal discípulo, que, sob o impacto de sua condenação e morte, resolveu registrar seus ensinamentos, tal como os conhecera, para evitar que se perdessem. Entretanto, trata-se, é claro, da visão de Platão sobre a filosofia de Sócrates e não do pensamento original do próprio filósofo. As outras fontes que nos chegaram sobre a vida e as ideias de Sócrates são bem menos elaboradas do que as de Platão.

A concepção filosófica de Sócrates pode ser caracterizada como um método de análise conceitual. Isso pode ser ilustrado pela célebre questão socrática “o que é…?” – encontrada em todos esses diálogos –, através da qual se busca a definição de uma determinada coisa, geralmente uma virtude ou qualidade moral.

Uma das principais características da concepção socrática de filosofia consiste no método de análise conceitual. A discussão parte da necessidade de se entender algo melhor, através de uma tentativa de se encontrar uma definição.

A definição inicial de um conceito, oferecido a partir de um diálogo reflete uma visão corrente, o entendimento comum que temos sobre o tema em questão, nossa opinião ou doxa, o que é considerado insatisfatório por Sócrates.

método socrático envolve um questionamento do senso comum, das crenças e opiniões que temos, consideradas vagas, imprecisas, derivadas de nossa experiência, e, portanto, parciais, incompletas, o que se reflete nos exemplos dados. É exatamente neste sentido que a reflexão filosófica vai mostrar que, com frequência, não sabemos aquilo que pensamos saber.

método socrático revela a fragilidade desse entendimento e aponta para a necessidade e a possibilidade de aperfeiçoá-lo através da reflexão. Ou seja, partindo de um entendimento já existente, ir além dele em busca de algo mais perfeito, mais completo.

Sócrates caracterizou seu método como maiêutica, que significa literalmente a arte de fazer o parto, uma analogia com o ofício de sua mãe, que era parteira. Ele também se considerava um parteiro, mas de ideias. O papel do filósofo, portanto, não é transmitir um saber pronto e acabado, mas fazer com que outro indivíduo, seu interlocutor, através da dialética, da discussão no diálogo, dê à luz suas próprias ideias (Teeteto, 149a-150c). A dialética socrática opera inicialmente através de um questionamento das crenças habituais de um interlocutor, interrogando-o, provocando-o a dar respostas e a explicitar o conteúdo e o sentido dessas crenças. Em seguida, frequentemente utilizando-se de ironia, problematiza essas crenças, fazendo com que o interlocutor caia em contradição, perceba a insuficiência delas, sinta-se perplexo e reconheça sua ignorância. É este o sentido da célebre fórmula socrática “Só sei que nada sei”, a ideia de que o reconhecimento da ignorância é o princípio da sabedoria. A partir daí, o indivíduo tem o caminho aberto para encontrar o verdadeiro conhecimento (episteme), afastando-se do domínio da opinião (doxa).

A crítica de Sócrates aos sofistas consiste em mostrar que o ensinamento sofístico limita-se a uma mera técnica ou habilidade argumentativa que visa a convencer o oponente daquilo que diz, mas não leva ao verdadeiro conhecimento. A consequência disso era que, devido à influência dos sofistas, as decisões políticas na Assembleia estavam sendo tomadas não com base em um saber, ou na posição dos mais sábios, mas na dos mais hábeis em retórica, que poderiam não ser os mais sábios ou virtuosos. Os sofistas não ensinavam, portanto, o caminho para o conhecimento, para a verdade única que resultaria desse conhecimento, mas para a obtenção de uma “verdade consensual”, resultado da persuasão. É essa oposição que marca, segundo Sócrates, a diferença entre a filosofia e a sofística, e que permite que Platão e Aristóteles considerem os sofistas como não filósofos.

 

PLATÃO

Platonismo, a Filosofia de Platão.

 

Platonismo designa uma corrente filosófica baseada nas ideias do filósofo e matemático grego Platão (428 a.C.-347 a.C.), discípulo de Sócrates (470 a.C-399 a.C).

Academia de Platão

A “Academia de Platão” foi fundada em Atenas pelo filósofo por volta de 385 a.C., primeiramente designada para cultuar as Musas Gregas e o Deus Apolo.

Embora ele tenha fundado com características de culto aos deuses, o local foi considerado a primeira universidade da história do ocidente.

De tal modo, na Academia Platônica, os filósofos se reuniam para discutir o desenvolvimento da filosofia e do pensamento de Platão, um dos pilares mais importantes da filosofia ocidental.

obra de Platão se caracteriza como a síntese de uma preocupação com a ciência (o conhecimento verdadeiro e legítimo), com a moral e a política. Envolve assim um reconhecimento da função pedagógica e política da questão do conhecimento. Sua conclusão é que o conhecimento em seu sentido mais elevado identifica-se com a visão do Bem.

Esquematicamente podemos identificar na concepção platônica as seguintes oposições:

Opinião X Verdade               Interesse Particular X Interesse Universal

Desejo X Razão                     Senso Comum X Filosofia

filosofia corresponderia a um método para se atingir o ideal em todas as áreas pela superação do senso comum, estabelecendo o que deve ser aceito por todos, independentemente de origem, classe ou função. É isso que significa a universalidade da razão.

A prática filosófica envolve assim, em certo sentido, o abandono do mundo sensível e a busca do mundo das ideias. Embora represente um rompimento com o senso comum, uma superação da opinião, a dialética platônica tem como ponto de partida o senso comum, a opinião, submetidos a um reexame crítico. O filósofo não invoca uma revelação externa, uma inspiração, uma autoridade divina superior, mas conduz seu interlocutor a descobrir ele próprio a verdade.

Os diálogos de Platão representam também, p.ex. o Górgias, um momento de luta política, uma oposição aos sofistas, que se caracterizariam por uma degradação da prática do diálogo. Os sofistas ensinam a arte de convencer não através da busca da razão, mas da manipulação de crenças e interesses, de metáforas, ambiguidades, ilusões.

Podemos estabelecer a característica essencial da filosofia, segundo Platão, distinguindo-a dos outros modos de discurso, p.ex., a filosofia “pré-filosófica” dos pré-socráticos, a tragédia, o mito, a retórica etc. O discurso filosófico preocupa-se com sua própria legitimação, sua justificação, daí ser considerado crítico e reflexivo. A filosofia não deve apenas dizer e afirmar, mas preocupar-se em chegar à verdade, à certeza, à clareza, através da razão. Constitui um discurso que se funda na legitimidade, que deve ser aceito por todos (tendo portanto um caráter universal), que se impõe pela argumentação racional, que produz um consenso legítimo, que se opõe à violência do poder e à ilusão e mistificação ideológicas que caracterizariam o discurso dos sofistas. A filosofia, segundo o modelo platônico, vai ser esse discurso legítimo que se instaura como juiz, como critério de validade de todos os discursos.

diálogo é a forma pela qual tal consenso pode se estabelecer. O método dialético – em suas primeiras versões nos diálogos socráticos de Platão – visa expor e denunciar a fragilidade, a ausência de fundamento, o caráter de aparência das opiniões e preconceitos dos homens habitualmente em seu senso comum. Visa, portanto, superar esses obstáculos, fazer com que o interlocutor tenha consciência disso.

Para Platão, na verdade, a filosofia é necessária como resposta a uma situação histórica injusta e ilegítima. Daí a afirmação de que sua obra pode ser considerada uma longa reflexão sobre o fracasso e a decadência da democracia ateniense, buscando uma solução para este problema em sua totalidade, isto é, em seus aspectos epistemológico (relativo ao conhecimento), ético e político, que formam um todo integrado.

A filosofia é assim um projeto político tem como objetivo promover a transformação da realidade. É, portanto, antagônico à democracia que, na visão de Platão, admite as paixões, a opinião, e os interesses e não o conhecimento. Além disso, é contrário à tirania e à oligarquia, que não se fundam no conhecimento da verdade, no saber. Não se trata de uma simples volta ao passado, mas da defesa de uma aristocracia do saber. É preciso ir contra a opinião que não se reconhece como opinião, mas que se apresenta como certeza, que se baseia em fatos, na realidade particular, concreta, na experiência, tomando como totalidade do real, como fundamento da certeza, aquilo que é parcial, contingente, mutável, passageiro. É preciso, portanto, revelar, denunciar, que a opinião tem uma “falsa consciência” de si mesma. É a isso que Platão opõe a verdade e o conhecimento.

Trata-se agora da busca da universalidade, e o discurso que tem a pretensão de ser universal, capaz de superar as divergências de opinião e ter um caráter legislador, legitimador, é a filosofia. A possibilidade e a garantia dessa universalidade, seu critério de legitimidade e fundamento último, só pode ser a verdade, o conhecimento verdadeiro, o conhecimento de outra realidade que não apenas a sensível, material, mutável.

 

 

ARISTÓTELES E O SISTEMA ARISTOTÉLICO

* Aristóteles, inicialmente discípulo de Platão, rompe com os ensinamentos do mestre após a sua morte e desenvolve o seu próprio sistema, rejeitando a teoria das ideias e o dualismo platônico.

* Como alternativa propõe, em sua Metafísica, uma concepção de real que parte da substância individual, composta de matéria e forma.

* Aristóteles valoriza o saber empírico e a ciência natural, e desenvolve uma concepção fortemente sistemática de saber, de grande influência na Antiguidade.

*Valoriza igualmente as questões metodológicas, e desenvolve uma lógica que marca profundamente toda a tradição até o período moderno.

 

Aristóteles foi um filósofo grego do século V a.C. cujo trabalho se estende por todas as áreas da filosofia e ciência conhecidas no mundo grego, sendo ainda o autor do primeiro sistema abrangente de filosofia ocidental.

Discípulo da Academia de Platão durante 19 anos, Aristóteles rompe com esses ensinamentos após a morte do mestre e elabora o seu próprio sistema filosófico a partir de uma crítica ao pensamento de Platão, sobretudo à teoria das ideias.

Aristóteles nasceu em 384 a.C. em Estágira (hoje Stravó), na Macedônia, filho de um médico da corte do rei Amintas II e talvez tenha tido ele próprio alguma formação médica, o que pode explicar seu interesse pela pesquisa empírica e por questões biológicas, sobre as quais escreveu vários tratados. Tendo se transferido aos 18 anos para Atenas a fim de estudar, tornou-se membro da Academia de Platão e seu discípulo mais brilhante. Após a morte de Platão (c.348-7 a.C.), talvez em desacordo com os rumos que os ensinamentos da Academia tomaram sob a liderança de Espeusipo, que valorizava a matemática, seguiu seu próprio caminho. Foi durante algum tempo (c.343-340 a.C.) preceptor de Alexandre, filho do rei Filipe da Macedônia e futuro conquistador de um grande império. De volta a Atenas em 335 a.C., fundou a sua escola, o Liceu. Aristóteles gostava de dar aulas e ministrar seus ensinamentos em caminhadas com os seus discípulos, donde a origem do nome “escola peripatética” (de “peripatos”, o caminho). Após a morte de Alexandre (323 a.C.), Aristóteles deixou Atenas devido ao sentimento antimacedônio então dominante, vindo a falecer em Cálcis, em 322 a.C.

O pensamento de Aristóteles desenvolveu-se sobretudo a partir de uma crítica tanto à filosofia dos pré-socráticos quanto à filosofia platônica – como podemos ver na Metafísica, sua principal obra filosófica –, através de um esforço de elaboração de uma concepção filosófica própria que não se confundisse com a de seus antecessores e ao mesmo tempo superasse o que considerava suas principais falhas e limitações. Temos assim em Aristóteles uma redefinição da filosofia, de seu sentido e de seu projeto, e a construção de um grande sistema de saber, muito influente no desenvolvimento da ciência antiga.

filosofia de Aristóteles é extremamente sistemática, e esse sistema constitui uma visão integrada do saber, caracterizado, no entanto, como se subdividindo em áreas específicas. O corpus aristotelicum, isto é, as obras de Aristóteles e de sua escola que chegaram até nós através da edição de Andrônico de Rodes, teve uma importância fundamental na Antiguidade para o desenvolvimento e a difusão não só da filosofia de Aristóteles, mas de sua ciência, e mesmo de toda uma concepção teórica e metodológica do saber científico, com a valorização da ciência empírica, da ética, da política e da estética.

Em sua magnaobra Metafísica, Aristóteles estabelece quatro causas metafísicas, ou seja, causas que estão relacionadas à explicação fundamental sobre a realidade, em seu funcionamento e origem, na fundação, função e estabelecimento das coisas e seres no mundo:

 

As Quatro Causas

 Segundo Aristóteles, há quatro causas implicadas na existência de algo:

 

 - Causa material: daquilo que a coisa é feita como, por exemplo, o ferro.

 - Causa formal: é a coisa em si como, por exemplo, uma faca de ferro.

 - Causa eficiente: aquilo que dá origem a coisa feita como, por exemplo, as mãos de um ferreiro.

 - Causa final: seria a função para a qual a coisa foi feita como, por exemplo, cortar carne.

 

Natureza, Sociabilidade e Política

Muito vulgarizada é a expressão do Estagirita - zoon politikon. O Homem é um animal político, ou social: quem não é impelido a estar com os outros homens ou é um deus ou um bruto – e a linguagem é o sinal dessa sociabilidade. Na verdade, o Homem é, por natureza, especialmente um ser da Polis. Pois o Filósofo atribui à Polis um sentido muito profundo e como que transcendente.

Sendo a natureza de cada coisa o seu fim, Aristóteles considera que a Polis – que é, contudo, uma forma sócio-política determinada e não se confunde com outras – se encontra nos próprios desígnios da natureza. Além do mais, a própria sociedade política, que na Polis adquire a sua forma mais perfeita, seria mesmo “o primeiro objeto a que se propôs a natureza” (Aristóteles, A Política, p. 5.).

A imbricação da natureza humana com a política, é muito visível em Aristóteles, e corrobora o seu intento de construir uma una episteme do Homem. Por isso pode afirmar: “assim como o homem civilizado é o melhor de todos os animais, aquele que não conhece nem justiça nem leis é o pior de todos”. A natureza humana é, pois, necessariamente, uma natureza social e política, com uma dimensão irrecusavelmente jurídica.Há, portanto, dois vectores essenciais sobre que parece fundar-se boa parte do pensamento político de Aristóteles: o vector natureza e o vector sociabilidade. A Polis parece reunir assim, em síntese, a natureza do Homem, que será de cidadania.

 

Matéria: Filosofia

Professora: Cristiane

2019

 

                                                                                                                     

“... Mas também vós, ó juízes, deveis ter boa esperança em relação à morte, e considerar esta única verdade: que não é possível haver algum mal para um homem de bem, nem durante sua vida, nem depois da morte, que os deuses não se interessam do que a ele concerne; e que, por isso mesmo, o que hoje aconteceu, no que a mim concerne, não é devido ao acaso, mas é a prova de que para mim era melhor morrer agora e ser libertado das coisas deste mundo. Eis também a razão por que a divina voz não me dissuadiu, e por que, de minha parte, não estou zangado com aqueles cujos votos me condenaram, nem contra meus acusadores. Não foi com esse pensamento, entretanto, que eles votaram contra mim, que me acusaram, pois acreditavam causar-me um mal. Por isto é justo que sejam censurados. Mas tudo o que lhes peço é o seguinte: Quando os meus filhinhos ficarem adultos, puni-os, é cidadãos, atormentai-os do mesmo modo que eu os vos atormentei, quando vos parecer que eles cuidam mais das riquezas ou de outras coisas do que da virtude. E ,se acreditarem ser qualquer coisa não sendo nada, reprovai-os, como eu a vós: não vos preocupeis com aquilo que não lhes é devido. E, se fizerdes isso, terei de vós o que é justo, eu e os meus filhos. Mas, já é hora de irmos: eu para a morte, e vós para viverdes. Mas, quem vai para melhor sorte, isso é segredo, exceto para deus". 

 

 

Trecho da última fala de Sócrates antes de tomar a cicuta (erva, veneno) condenado a morrer injustamente.

 

Apologia de Sócrates - Platão

 

 

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